Crises de dores de cabeça, acidez estomacal, dor e/ou inflamação da garganta, prisão de ventre, congestão nasal ou mesmo sintomas leves de gripes são exemplos comuns de doenças que podem ser tratados rapidamente com o uso do medicamento certo e algumas horas de repouso. Comumente, são usados nesses casos os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) que podem ser comprados em uma farmácia ou drogaria.

No entanto, é observado a venda irregular desses medicamentos em pequenos estabelecimentos de bairros, as conhecidas mercearias ou quitandas, uma prática ilegal e com certeza um risco a saúde da população.

Para o farmacêutico Dr. Adriano dos Anjos Costa a venda de qualquer tipo de medicamento em estabelecimentos do varejo alimentar não legitimados ao controle sanitário oferece considerável risco, pois esses pequenos comércios não estão aptos legalmente para comercialização desses itens e não dispõem de um profissional para orientação farmacêutica correta, o que causa riscos sanitários e a saúde da população com a venda indiscriminada.

“O uso de remédios para problemas de saúde considerados simples é visto, por grande parte da população, como uma solução imediata para aliviar sintomas os leves, as dores ou o mal-estar momentâneo. Os efeitos das substâncias presentes nos fármacos têm sido subestimados e a automedicação é, hoje, uma prática comum entre os brasileiros, que, se feito incorretamente, pode causar graves danos ao organismo”, explica o farmacêutico Dr. Adriano Costa.

É importante lembrar que os MIPs trazem riscos, se consumidos de forma indevida ou sem a orientação adequada. Segundo os dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas da  FIOCRUZ, apontam que os medicamentos são o maior fator de intoxicação / envenenamento, respondendo por 40,10% dos 39.521 casos ocorridos no Brasil em 2020. Os Medicamentos Isentos de Prescrição, portanto, requerem todo o cuidado como qualquer outro medicamento de prescrição.

O farmacêutico alerta também para a forma como esses medicamentos ficam armazenados ou dispostos nas gondolas de venda do estabelecimento.

“O profissional varejista se organiza por meio de estoques e poderá guardar os medicamentos que comercializa ilegalmente próximos a itens como perfumaria, produtos de limpeza e  alimentos, o que não é o correto. O mesmo ocorre com o medicamento nas vitrines, que, dependendo do posicionamento, podem ficar exposto ao sol ou sofrer danos e avarias nas embalagens”, explica.

Legislação
A presidente do Conselho Regional  de Farmácia do Maranhão (CRF-MA), Dra. Gizelli Coutinho, chama a atenção para a legislação, que é o mecanismo para garantir a prestação de serviços farmacêuticos para a população com a Assistência Plena, conforme a Lei Federal de nº 13.021/14, 8 de agosto de 2014, que dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas e enfatiza a dispensação obrigatória destes medicamentos pelos profissionais farmacêuticos nos estabelecimentos de saúde farmácias/drogarias.

“É importante que a população seja orientada a comprar seus medicamentos em um estabelecimento farmacêutico legalizado, e comprometido com a prestação de serviços destinada à assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva, na qual se processe a manipulação e/ou dispensação de medicamentos magistrais, oficinais, farmacopeicos ou industrializados, cosméticos, insumos farmacêuticos, produtos farmacêuticos e correlatos”, destaca a presidente.

Risco da automedicação
O uso de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) pode causar diversos problemas, sendo um deles a intoxicação. Conforme a Anvisa, os medicamentos que mais causam intoxicação são os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios. A falta de conhecimento a respeito de um medicamento pode também levar ao uso de substâncias que causam alergia.

“Além desse problema, o uso de medicamentos por conta própria pode causar uma melhora falsa nos sintomas. Apesar de aliviar os problemas imediatos, o medicamento pode apenas mascarar a doença, causando um agravamento no caso e dificultando um diagnóstico mais na frente. Por isso, é muito importante que a população compre todo e qualquer tipo de remédio em uma farmácia para sua segurança”, alerta o farmacêutico.

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